26 de novembro de 2013

O Vestido - Livro Resenha


Konnichiwa, minna-san!
Cara, estou tão gripada, cara (de novo)... isso não é legal *risos*
Não sei porque eu ri agora, eu deveria estar chorando 
Hoje eu tive Saresp, porque eu sou velha e tô me formando kkkkkkkkkkkk e ai vocês me perguntam (provavelmente não, porque Saresp o pessoal não leva muito a sério - ou só sou eu? xD) se eu fui bem. Olha, como de inicio era português eu fui fazendo de boa, fiz calma e com atenção e tal
Ai chegou matemática... 

E a preguiça foi mais forte que eu. 
Cara, matemática e eu não nascemos para sermos boas amiguinhas.


Vim falar de livro hoje. 
O próximo livro vem pra próxima postagem. (E um dia eu ainda vou fazer resenhas dos livros que ganhei da escola. Esses novos que são, Óh... ótimos! acharam que eu ia falar que são uma merda, né?)




Título: o vestido
Subtítulo: 
Edição: 2
ISBN: 8575091085
Editora: Geração
Ano: 2006
Páginas: 195
Sinopse: 
Na obra de Carlos Drummond de Andrade, o poema 'Caso do Vestido' conta a história de uma mulher que ama tanto seu marido que aceita entregá-lo para outra, se isso o fizer feliz. A partir de uma proposta do cineasta Paulo Thiago - que queria filmar o poema - o romancista mineiro Carlos Herculano Lopes escreveu não só um argumento para o roteiro do filme, mas um romance. Baseado nos 150 versos das 75 estrofes do poema, Carlos Herculano constrói uma história de amor e paixão, com outros personagens e um enredo tão envolvente quanto o do poema.



Eu li depois o poema que se baseou o livro, após lê-lo porque eu nem tinha conhecimento sobre o poema. E realmente é a praticamente a mesma história, você consegue imaginar tudinho, só que é mais detalhado é tal.
Este foi um dos primeiros livros que eu peguei da escola. Na verdade, foi o meu primeiro.
Não me esqueço cara. Eu estava na quinta-série ainda e entrei na biblioteca da escola - que é do tamanho de uma sala, infelizmente - e peguei este porque eu gosto de romance em tudo só não na minha vida pessoal kkkkkkkkkkk eu sou estranha, eu sei e a sinopse me agradou muito porque eu pensei:
Mas... hã? Por que raios ela entregaria o marido, tá louca?
Foi por drogas? Como assim "entregar"? Ela é um cafetina?
Admito que nunca bati muito bem da cabeça, e posso estar exagerado agora nos meus pensamentos, porém não eram muito menos que esses acima naquela época.

Teve um filme que eu pesquisei depois e acabei encontrando na internet, mas não tive vontade de assistir para ser sincera depois de ver o trailer (claramente mais antigo kkkkkkkk), porque na minha cabeça o cenário era mais... é... diria que seria mais glamourosos, mas enfim *risos*
Principalmente o vestido. O vestido na descrição, para mim, parecia muito mais bonito do que no trailer.

Trailer aqui:



Resumindo, sem dar spoilers claro (vou tentar pelo menos...), a história é narrada por Bárbara. Se passa em uma época onde a mulheres usavam vestidos sabe.
Então naquele lugar humilde chega a Ângela, usando calças, tendo aquela ar de mulher mistério e diferente das outras, sendo mais independente influenciável e etc. Diferente da própria protagonista, que era mãe de família, moça comportada e sem uma voz de ação.
E Bárbara começa a fazer uma certa amizade com Ângela, e o marido dela também até... é isso ai que vocês estão pensando.
A tia da protagonista pensou a mesma coisa: a Ângela iria pegar Ulisses, marido de Bárbara, que se nega a acreditar.
Ulisses compra um vestido lindo pra mulher que não se sente tão confortável com ele. E quando Ângela experimenta, ela acaba vendo que combina mais com ela e o dá.
E nesta festa, com Ângela usando aquele vestido que a deixava mais atraente, ela percebe o desejo do marido pela mulher e começa a se arrepender de entregar o vestido.

Pera que ainda piora kkkkkkkkk
Realmente tem protagonistas sem sorte

Fausto é apaixonado por Bárbara, e isso fica claro desde incio. E ele até me apareceu ser um sujeito melhor pra ela do que o próprio marido dela.
Mas ela já é apaixonado pelo esposo... tem toda aquela coisa... o tempo dela se passa antes do nosso, em que divorcio é impensável e tal.
E acontece um baque, que dai pra frente se eu conta é spoiler. Mas só pra dar aquela pitada do que vem a seguir:
Desesperado, o desgraçado me aparece desesperado Ulisses pedi pra mulher... mano... ele pede pra Bárbara pedi pra Ângela pra se deitar com ele.
Se deitar com ele!
Por que?
Porque essa era a condição de Ângela. Ela só o faria se a mulher dele viesse pedir.
E se vocês leram a sinopse, já devem imaginar o que a Bárbara decidiu fazer

Minha opinião super importante, because I'm the best xD
modéstia... onde está você?

Fazendo essa resenha e me relembrando a história através da sinopse, as vezes eu pego perguntando o que me levou a gostar deste livro.
Porque essa história é tão maluca e tão fora do que eu acredito e tão longe de eu conseguir me identificar com a protagonista, que fico confusa pensando o que me levou a gostar. E agora eu tenho que explicar isso ai

Não deixa de ser extremamente real.
E quando eu eu ao menos, para ser bem sincera vou ver um romance, até os mais clichês, eu gosto porque vamos ser sinceros kkkkkkkk esse romances (principalmente em comédias românticas) não são tão compatíveis com a realidade.
E de certa forma é isso que chama o pessoal pra assistir ou ler kkkkkkk porque acaba sendo melhor do que a realidade.
Esse não. Ele é tão... como posso dizer? 
Se vocês estão estudando movimentos artísticos, devem ter ouvido falar do Realismo. Não há idealização aqui, apenas a mente confusa humana.
Indo contra aquela visão de casamento perfeito.
E sendo uma personagem que vai contra muito o que eu acredito, contra meus principais conceitos. Como o de perdoa e incentiva a uma traição, que pra mim é algo imperdoável. Mas acabei por admira-la, porque ela mostrou força mesmo sendo uma mulher que conceitualmente vista como fraca, aquela que abaixa a cabeça e concorda com tudo que o marido diz. E vemos essas mulheres, que como Ângela, são independentes e tem a toda essa importância que vemos hoje em dia.
Acho que o que me fez gostar deste livro é ver pelo outro lado.
E o final que eu idealizei era um muito diferente do real. E percebo que o final real é o que ela gostaria, mais do que aquele que eu achava que a faria feliz.
É muito complexo, e por confronta tantas morais que obtemos, e vemos uma mulher que vai contra tudo isso em uma época que de certa forma era "normal". E não que ela tenha sido obrigada, ela fez tudo o que ela quis o que é mais surpreendente.

Recomendo


E encerro com o poema que deu origem ao livro que deu origem ao filme. Se bem que o filme e o livro vieram praticamente ao mesmo tempo, se não me engano, porque o autor/roteirista é o mesmo.


Caso do Vestido
Carlos Drummond de Andrade


Nossa mãe, o que é aquele
vestido, naquele prego?
Minhas filhas, é o vestido
de uma dona que passou.
Passou quando, nossa mãe?
Era nossa conhecida?
Minhas filhas, boca presa.
Vosso pai evém chegando.
Nossa mãe, dizei depressa
que vestido é esse vestido.
Minhas filhas, mas o corpo
ficou frio e não o veste.
O vestido, nesse prego,
está morto, sossegado.
Nossa mãe, esse vestido
tanta renda, esse segredo!
Minhas filhas, escutai
palavras de minha boca.
Era uma dona de longe,
vosso pai enamorou-se.
E ficou tão transtornado,
se perdeu tanto de nós, 
se afastou de toda vida,
se fechou, se devorou,
chorou no prato de carne,
bebeu, brigou, me bateu,
me deixou com vosso berço,
foi para a dona de longe,
mas a dona não ligou.
Em vão o pai implorou.
Dava apólice, fazenda,
dava carro, dava ouro, 
beberia seu sobejo,
lamberia seu sapato.
Mas a dona nem ligou.
Então vosso pai, irado,
me pediu que lhe pedisse,
a essa dona tão perversa,
que tivesse paciência
e fosse dormir com ele...
Nossa mãe, por que chorais?
Nosso lenço vos cedemos.
Minhas filhas, vosso pai
chega ao pátio.  Disfarcemos.
Nossa mãe, não escutamos
pisar de pé no degrau.
Minhas filhas, procurei
aquela mulher do demo.
E lhe roguei que aplacasse
de meu marido a vontade.
Eu não amo teu marido,
me falou ela se rindo.
Mas posso ficar com ele
se a senhora fizer gosto,
só pra lhe satisfazer,
não por mim, não quero homem.
Olhei para vosso pai,
os olhos dele pediam.
Olhei para a dona ruim,
os olhos dela gozavam.
O seu vestido de renda,
de colo mui devassado, 
mais mostrava que escondia
as partes da pecadora.
Eu fiz meu pelo-sinal,
me curvei... disse que sim.
Sai pensando na morte,
mas a morte não chegava.
Andei pelas cinco ruas,
passei ponte, passei rio, 
visitei vossos parentes,
não comia, não falava,
tive uma febre terçã,
mas a morte não chegava.
Fiquei fora de perigo,
fiquei de cabeça branca,
perdi meus dentes, meus olhos,
costurei, lavei, fiz doce,
minhas mãos se escalavraram,
meus anéis se dispersaram,
minha corrente de ouro
pagou conta de farmácia.
Vosso pais sumiu no mundo.
O mundo é grande e pequeno.
Um dia a dona soberba
me aparece já sem nada,
pobre, desfeita, mofina,
com sua trouxa na mão.
Dona, me disse baixinho,
não te dou vosso marido,
que não sei onde ele anda.
Mas te dou este vestido, 
última peça de luxo
que guardei como lembrança
daquele dia de cobra,
da maior humilhação.
Eu não tinha amor por ele,
ao depois amor pegou.
Mas então ele enjoado
confessou que só gostava
de mim como eu era dantes.
Me joguei a suas plantas,
fiz toda sorte de dengo,
no chão rocei minha cara,
me puxei pelos cabelos,
me lancei na correnteza,
me cortei de canivete,
me atirei no sumidouro,
bebi fel e gasolina,
rezei duzentas novenas,
dona, de nada valeu:
vosso marido sumiu.
Aqui trago minha roupa
que recorda meu malfeito
de ofender dona casada
pisando no seu orgulho.
Recebei esse vestido
e me dai vosso perdão.
Olhei para a cara dela,
quede os olhos cintilantes?
quede graça de sorriso,
quede colo de camélia?
quede aquela cinturinha
delgada como jeitosa?
quede pezinhos calçados
com sandálias de cetim?
Olhei muito para ela,
boca não disse palavra.
Peguei o vestido, pus
nesse prego da parede.
Ela se foi de mansinho
e já na ponta da estrada
vosso pai aparecia.
Olhou pra mim em silêncio,
mal reparou no vestido
e disse apenas: — Mulher,
põe mais um prato na mesa.
Eu fiz, ele se assentou,
comeu, limpou o suor,
era sempre o mesmo homem,
comia meio de lado
e nem estava mais velho.
O barulho da comida
na boca, me acalentava,
me dava uma grande paz,
um sentimento esquisito
de que tudo foi um sonho,
vestido não há... nem nada.
Minhas filhas, eis que ouço
vosso pai subindo a escada.
 
Texto extraído do livro "
Nova Reunião - 19 Livros de Poesia", José Olympio Editora - 1985, pág. 157.

Conheça o autor e sua obra visitando "
Biografias".


Kissus
Ja ne

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